Onde quer que a propriedade esteja
suficientemente protegida, seria mais fácil viver sem dinheiro do que sem
pobres, pois [do contrário] quem faria o trabalho? [...] Assim como se deve
cuidar para que os trabalhadores não morram de fome, também não se lhes deve
dar nada que valha a pena ser poupado. Se aqui e ali alguém de classe mais
baixa, mediante um esforço incomum e apertando o cinto, consegue elevar-se
acima das condições em que se criou, ninguém deve impedi-lo: sim, não se pode
negar que o plano mais sábio para cada pessoa privada, para cada família na
sociedade, é ser frugal; mas é do interesse de todas as nações ricas que a
maior parte dos pobres jamais esteja inativa e, no entanto, gaste continuamente
o que ganha.[...] Os que ganham a vida com o seu trabalho diário [...] não têm
nada que os estimule a serem serviçais senão suas necessidades, que é prudente
mitigar mas insensato curar. A única coisa que pode tornar diligente o homem
trabalhador é um salário moderado. Um pequeno demais o torna, a depender de seu
temperamento, desanimado ou desesperançado; um grande demais o torna insolente
e preguiçoso. [...] Do que expusemos até aqui segue que, numa nação livre, em
que escravos não sejam permitidos, a riqueza mais segura está numa multidão de
pobres laboriosos. Além de constituírem uma inesgotável fonte de homens para a
marinha e o exército, sem eles não haveria qualquer satisfação e nenhum produto
de nenhum país seria valorizável. Para fazer feliz a sociedade e satisfazer ao
povo mesmo nas circunstâncias mais adversas, é necessário que a grande maioria
permaneça tão ignorante quanto pobre. O conhecimento expande e multiplica
nossos desejos e quanto menos um homem deseja, tanto mais facilmente se podem
satisfazer suas necessidades.
Mandeville, Bernard (1670-1733)
The fable of the bees, 5 ed,
Londres, 1728, citado por Karl Marx. O Capital, livro1. São Paulo: Boitempo Editorial,
2013. p 692-3
Muito ibteressante o texto Leda. Interessante e cruel, como é a realidade .....
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