segunda-feira, 21 de maio de 2018

A refinaria de Cimpina

Na refinaria, os fogos não se apagam nunca. Pois a atividade não pára nem um instante. E as altas chaminés, que de perto parecem gigantescas, vomitam ondas ininterruptas de fumaças. Os imensos reservatórios alinhados ao longo da parede do pátio recolhem todo o petróleo extraído das entranhas da terra, por centenas de poços, que cobrem as colinas das vizinhanças. Ele é negro, espumoso, impetuoso. As bombas dele se apossam, fazem-no correr em inúmeroas tubulações; depois, os mecanismos complicados da refinaria o fazem ferver, torturam-no e tiram dele tudo o que se pode tirar: a gasolina, o óleo de lamparina, a parafina...até que restem apenas resíduos cujo cheiro empesta as ruas de Cimpina.
Diante de cada grupo de caldeiras, um cartaz adverte sobre o perigo. Perigo de fumar, perigo de se aproximar, perigo de mexer. Perigo de morte. Perigo de ser carbonizado. E entretanto, homens trabalham entre todos esses perigos, eles abrem e fecham válvulas, vigiam o inferno das máquinas.
Mas este atrevimento é tão extenuante que, de noite, estes homens descem titubeantes as escadas em caracol, embrutecidos pelo calor, pelo barulho e pela tensão excessiva de seus nervos.
Com estes homens, com seu tormento e sua vida não sonham nenhum dos imbecis que se envaidecem com “a maior refinaria da Europa”.

Geo Bogza  (1908-1993)


Années de Ténèbres. Bucarest: Éditions Le Livre, 1995. p 62. Tradução minha

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