Grande parte do trabalho é impessoal,
contrariando o preceito profissional de que advogado e cliente devem manter uma
relação pessoal. Os contatos pessoais entre membros da profissão e entre
advogados e clientes, as visitas sobre problemas comerciais foram substituídos
por apressadas conversas telefônicas e limitadas ao assunto em questão,
eliminando-se inteiramente o elemento pessoal. O adversário pode ser conhecido
apenas pelo telefone: o advogado distingue o som de sua voz, mas se o
encontrasse na rua, seria incapaz de reconhecê-lo. Antigamente era possível ter
relações relativamente estreitas até mesmo com um adversário. O encontro com um
cliente no escritório do advogado era uma ocasião não só agradável mas o início
de uma relação de amizade. Hoje acontece frequentemente que o advogado esteja
ativamente empenhado nos negócios de um cliente sem jamais o conhecer em
pessoa.
Wright Mills, Charles (1916-1962)
A nova classe média. Tradução de Vera Borda, 2 edição. Rio de Janeiro:
Zahar Editores, 1976. p 143
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