Muitas vezes, improvisamos
alternativas: um saco de lixo limpo, por exemplo, pode vestir as mãos e servir
como proteção, mas atrapalha o serviço. Para o fedor terrível, no entanto,
ainda não foi possível inventar nenhum dispositivo que amenizasse o mal-estar.
Nessas tarefas, nunca experimentamos que nossos “clientes” tenham levado em
consideração que a limpeza do lixo por eles deixado vai ser conduzida por
pessoas, pessoas que, como todas, podem ferir-se, exaurir-se, enjoar-se,
contaminar-se. Uma experiência reiterada de invisibilidade, de desprezo
público.
Costa, Fernando Braga da
(1975-...)
Homens invisíveis: relatos
de uma humilhação social. 3 reimpressão. São Paulo: Globo, 2010. p191
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