Estive mais de uma vez no hospício, passei
por diversas seções e eu posso dizer que me admirei que homens rústicos, os
portugueses, mal saídos da gleba do Minho, os brasileiros, da mais humilde
extração urbana, pudessem ter tanta resignação, tanta delicadeza relativa, para
suportar os loucos e as suas manias. Nem todos são insuportáveis; na maioria,
são obedientes e dóceis; mas os poucos rebeldes e aqueles que se enfurecem, de
quando em quando, são por vezes de fazer um homem perder a cabeça. Tratarei
deles mais minuciosamente. Pois o meu Dias, apesar dos gritos, dos gestos de
mando, é um homem talhado para pastorear doidos...
Lima Barreto,
Afonso Henriques (1881-1922)
Diário do hospício. São Paulo: Cosacnaify,
2011. p 54-5
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