Mas como os homens, no começo com
instrumentos inatos, puderam fabricar algumas coisas muito fáceis, ainda que
laboriosa e imperfeitamente, feito o que fabricaram outras coisas mais
difíceis, com menos trabalho e mais perfeição, passando assim gradativamente
das obras mais simples aos instrumentos e destes a outras obras e instrumentos,
para chegar a fazer tantas coisas e tão difíceis com pouco trabalho, também o
intelecto, por sua força nativa, faz para si instrumentos intelectuais e por
meio deles adquire outras forças para outras obras intelectuais, graças às
quais fabrica outros instrumentos ou poder de continuar investigando, e assim
prosseguindo gradativamente até atingir o cume da sabedoria. Que isso ocorre
com o intelecto é fácil de ver, contanto que se entenda o que é o método de
investigar a verdade e quais os instrumentos inatos de que apenas necessita
para fazer outros instrumentos, a fim de ir adiante.
Espinosa, Bento (1632-1677)
Tratado da correção do intelecto. 3 edição.Tradução
de Carlos Lopes de Mattos. São Paulo: Abril Cultural, 1983.p.49. (Os pensadores)
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