O
ambiente, os hábitos e a linguagem dos intelectuais sofreram transformações nos
últimos cinquenta anos. Os intelectuais mais jovens não necessitam ou desejam
um público mais amplo; quase todos são apenas professores. Os campi são seus
lares; os colegas, sua audiência; as monografias e os periódicos
especializados, seu meio de comunicação. Ao contrário dos intelectuais do
passado, eles se situam dentro de especialidades e disciplinas - por uma boa
razão. Seus empregos, carreiras e salários dependem da avaliação de
especialistas, e esta dependência afeta as questões levantadas e a linguagem
empregada.
[...] Os
acadêmicos escrevem para publicações especializadas que, diferentemente dos
pequenos periódicos, criam sociedades insulares. A questão não é a circulação de
uns e de outros - publicações especializadas enviadas a assinantes podem
registrar uma circulação bem maior do que pequenas revistas literárias - mas o
relacionamento diferente com o público leigo. Os professores compartilham um
jargão e uma disciplina. Reunindo-se em conferências anuais para trocar
informações, eles constituem seu próprio universo. Um "famoso"
sociólogo ou historiador de arte é famoso para outros sociólogos ou para outros
historiadores de arte, ninguém mais. À medida que se tornavam acadêmicos, os
intelectuais não tinham necessidade de escrever de modo compreensível a um
público leigo; não o fizeram, e acabaram perdendo a capacidade de fazê-lo.
Jacoby,
Russell (1945-)
Os últimos
intelectuais. Tradução de Magda Lopes. São Paulo: Trajetória Cultural: Editora
da Universidade de São Paulo, 1990. p 19 e 20
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