Nas minas de carvão e de ferro [...]
trabalham crianças de 4, 5 e 7 anos. São empregues no transporte de minérios ou
de carvão do local de extração para a galeria dos cavalos ou até ao poço
principal, ou ainda para abrir e fechar as portas que separam os diferentes
compartimentos da mina e regulam a sua ventilação, antes e depois da passagem
dos operários e do material. São, normalmente, as crianças mais pequenas que se
encarregam da guarda destas portas; estão assim sentadas durante doze horas na
obscuridade, sós, num corredor estreito e, na maior parte dos casos, úmido, sem
terem sequer uma tarefa que bastasse para se livrarem do tédio embrutecedor a
que conduz a inação total. Pelo contrário, o transporte do carvão e do minério
de ferro é um labor bastante penoso, pois é necessário arrastar estes materiais
em enormes recepientes, sem rodas, pelo solo desigual da galeria, sobre a
argila úmida ou ainda na água, muitas vezes içá-los ao longo das escarpas
abruptas ou conduzi-los por corredores tão baixos em certos locais que os
operários são obrigados a ir de gatas. É por isso que se utiliza para este
trabalho fatigante crianças mais velhas e adolescentes do sexo feminino.
Conforme os casos, há um operário por recepiente ou dois jovens, um dos quais
puxa e o outro empurra. A separação do minério, efetuada por homens adultos ou
jovens vigorosos de 16 anos ou mais, é igualmente um trabalho bastante penoso.
A duração habitual do trabalho é de 11 a 12 horas e muitas vezes, superior. Na
Escócia, chega a atingir 14 horas, acontecendo frequentemente fazerem-se
jornadas de trabalho duplas, que obrigam os operários a trabalhar abaixo do
solo 24 horas, por vezes mesmo 36, sem parar. As refeições a horas fixas são
coisa desconhecida na generalidade, pelo que as pessoas comem quando têm fome e
tempo disponível.
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