Do pano de fundo da reflexão que trago, feita
nos últimos anos, brotam três questões sobre o trabalho, perguntas genuínas que
não podem ser respondidas numa única frase e que dizem respeito a experiências realizadas
na Europa a partir dos anos 1990:
- Como é possível que
operários cujos avós precisavam quase ser espancados para ir ao trabalho
na segunda-feira suportam hoje uma greve de fome de cem dias de duração
para conservar um empreguinho miserável?
- Como é possível
que o trabalho tenha se transformado no único registro de organização
social? E como se explica que o trabalho não dispõe mais de nenhuma instância
contrária que possa ser levada a sério?
- Como se explica
que uma sociedade que apostou tudo, mas tudo mesmo, na carta trabalho,
agora se veja obrigada a rasgar esta única carta, a única carta do seu
jogo, e assim fazer com que o trabalho e, por conseguinte, a identidade
sejam desvalorizados?
Kamper, Dietmar (1936-2001)
O trabalho como vida. [org.] Cleide
Riva Campello. Tradução de Peter Naumann e Norval Baitello Junior. São Paulo:
Annablume, 1997, p 13.
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