Até hoje não pude me convencer de que um
trabalho que se repete seja prejudicial ao homem. Aos bem-falantes ouço dizer
que o trabalho repetido inutiliza corpo e alma. Minhas pesquisas, entretanto,
negam isso. Um homem que passava o dia acionando com o pé um pedal, encasquetou
que aquele movimento lhe desenvolvia o corpo de um lado só. O exame médico não
comprovou o mal, mas designamo-lhe outro trabalho que pusesse em
desenvolvimento o grupo de músculos prejudicados. Depois de algumas semanas
pediu ele volta ao antigo posto. Parece racional que da repetição dos mesmos
movimentos por oito horas diárias resultem anormalidades físicas, mas não o
pudemos comprovar até agora em um só caso. Quando nossos homens querem mudar de
serviço, basta que o peçam e nós desejaríamos que essas mudanças fossem a regra.
Mas os operários são inimigos de mudanças que eles próprios não proponham.
Realmente há operações de tal forma monótonas que parece incrível que alguém se
conforme em exercê-las por muito tempo. A mais monótona é a do homem que ergue
uma engrenagem com o gancho, mergulha-a numa tina de óleo e a deixa cair num
cesto. Os movimentos não variam nunca....
Ford, Henry (1863-1947)
Os princípios da prosperidade.
Tradução de Monteiro Lobato. Rio de Janeiro: Biblioteca Freitas Bastos, 1967. p
82.
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