Os professores acompanham a execução de seus
alunos, avaliando a qualidade do som produzido. Uma parte importante de seu
trabalho é identificar como os movimentos do aluno interferem na sonoridade. Às
vezes, isso não é óbvio, como nos exemplos a seguir, observados em aulas de
violino e violoncelo em grupo.
O aluno toca o trecho uma vez. “Está estranho”,
diz a professora que anda à sua volta, abaixa-se, inclina acabeça para enxergar
entre a mão esquerda e o braço, toca levemente a mão do arco... Ela corrige a
pega do arco, indica onde colocar o peso, a orientação dos dedos, e ele repete
o trecho. A professora faz o aluno largar seu violino e arco: ele vai simular a
posição da mão esquerda necessária para as notas especificadas na partitura
apoiando seus dedos sobre o antebraço direito. Enquanto isso, ela corrige a
pressão do polegar e os movimentos do anular e mínimo. Depois de corrigido o
movimento da mão esquerda, montada a forma, o aluno repete o trecho tocando no
instrumento. “Melhorou”; no entanto a professora identifica outro problema: o
aluno está “pulando”, isto é, deixando de tocar uma nota. Como a causa não está
aparente, eles repetem até que ela descobre o problema -o peso do quinto dedo
da mão direita sobre o arco. Ela dá um apertão no dedinho, “para ele acordar!”
Em outro exemplo, a professora olha
atentamente o aluno de 8 anos que empunha seu violino. “Acho que já descobri o
que está acontecendo: esta mão não pode encostar aqui, tem que ficar longe!”
Vários professores recorrem ao artifício de
interromper subitamente a execução para avaliar se a posição está correta. Por
exemplo, enquanto ao aluno toca uma escala, o professor assiste e subitamente
dispara: “Estátua!” Ele se desloca ao redor do aluno “congelado” e avalia, ao
mesmo tempo que afasta os dedos do aluno eum do outro: Você às vezes esquece de
abrir a mão! Sabe o que vai acontecer? A afinação vai, ó...”.
Vezzá, Flora
Afinar o movimento.
Educação do corpo no ensino de instrumentos musicais. São Paulo: SESI-SP
editora, 2018. p 67-8
Fazia tempo que não vinha te visitar, mana. O blog está cada dia melhor!
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