quarta-feira, 25 de julho de 2018

Contradição


O mesmo espírito burguês que louva, como fator de aumento da força produtiva, a divisão manufatureira do trabalho, a condenação do trabalhador a executar perpetuamente uma operação parcial e sua subordinação completa ao capitalista, com a mesma ênfase denuncia todo controle e regulamentação sociais conscientes do processo de produção como um ataque aos invioláveis direitos de propriedade, de liberdade e de iniciativa do gênio capitalista. É curioso que o argumento mais forte até agora encontrado pelos apologistas entusiastas do sistema de fé, contra qualquer organização geral do trabalho social, seja o de que esta transformaria toda sociedade numa fábrica.
Na sociedade em que rege o modo capitalista de produção condicionam-se reciprocamente a anarquia da divisão social do trabalho e o despotismo da divisão manufatureira do trabalho.



Marx, Karl (1818-1883)



O Capital. Livro Primeiro, volume 1. Tradução de Reginaldo Sant’Anna. Rio de Janeiro:  Editora Civilização Brasileira, 1971, p 408.

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