Deuses das profissões: na mitologia chinesa
todas as profissões têm a sua divindade protetora, a que os respectivos membros
rendiam cultos, sucedendo o mesmo com as classes sociais. Na maioria dos casos,
o deus protetor de uma profissão foi o seu inventor e o primeiro que se lhe
dedicou. Por exemplo: na antiguidade, os músicos cegos que tocavam instrumentos
musicais e cantavam nas cerimônias religiosas, rendiam culto ao “Antigo Cego”,
antepassado da sua profissão, e K’uei, o animal de uma só perna, com a
pele do qual o “Imperador Amarelo” fez o primeiro tambor; o general Suen Pin, que viveu no século IV a. C. e
tinha os dedos dos pés cortados, lembrou-se de usar os pés metidos num
invólucro de couro, para dissimular o seu defeito, tornando-se por isso o deus
dos sapateiros.
Há também os que vieram a ser deuses da profissão
que exerceram por haverem se distinguido nela. Foi o caso de Fan K’uai, que não passava de um humilde
esfolador de cães, mas que se tornou o grande auxiliar do fundador da dinastia Han, sendo mais tarde o protetor dos
carniceiros. Lu Pan, que, segundo a
lenda, fazia falcões de madeira capazes de voar, passou a receber o culto dos
marceneiros. Os ladrões, por sua vez, escolheram como patrono um salteador
célebre, chamado Song Kiang. As
próprias prostitutas tinham a sua protetora- P’an Kin-lien, uma viúva impudica, que foi morta pelo padastro e
acabou por ser elevada à categoria de divindade. Quando não existia uma
personagem definida para proteger determinada profissão, os artífices tinham de
contentar-se com um deus anônimo: o “deus da laçadeira” para os tecelões, o
“deus das árvores” para os jardineiros, e outros.
Lamas,
Maria (1893-1983)
Mitologia Geral: o
mundo dos Deuses e dos Heróis, vol II. Lisboa: Editorial
Estampa, 1972.p318/9.
Nenhum comentário:
Postar um comentário