sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Deuses das profissões


Deuses das profissões: na mitologia chinesa todas as profissões têm a sua divindade protetora, a que os respectivos membros rendiam cultos, sucedendo o mesmo com as classes sociais. Na maioria dos casos, o deus protetor de uma profissão foi o seu inventor e o primeiro que se lhe dedicou. Por exemplo: na antiguidade, os músicos cegos que tocavam instrumentos musicais e cantavam nas cerimônias religiosas, rendiam culto ao “Antigo Cego”, antepassado da sua profissão, e K’uei, o animal de uma só perna, com a pele do qual o “Imperador Amarelo” fez o primeiro tambor; o general Suen Pin, que viveu no século IV a. C. e tinha os dedos dos pés cortados, lembrou-se de usar os pés metidos num invólucro de couro, para dissimular o seu defeito, tornando-se por isso o deus dos sapateiros.
Há também os que vieram a ser deuses da profissão que exerceram por haverem se distinguido nela. Foi o caso de Fan K’uai, que não passava de um humilde esfolador de cães, mas que se tornou o grande auxiliar do fundador da dinastia Han, sendo mais tarde o protetor dos carniceiros. Lu Pan, que, segundo a lenda, fazia falcões de madeira capazes de voar, passou a receber o culto dos marceneiros. Os ladrões, por sua vez, escolheram como patrono um salteador célebre, chamado Song Kiang. As próprias prostitutas tinham a sua protetora- P’an Kin-lien, uma viúva impudica, que foi morta pelo padastro e acabou por ser elevada à categoria de divindade. Quando não existia uma personagem definida para proteger determinada profissão, os artífices tinham de contentar-se com um deus anônimo: o “deus da laçadeira” para os tecelões, o “deus das árvores” para os jardineiros, e outros.

            Lamas, Maria (1893-1983)



Mitologia Geral: o mundo dos Deuses e dos Heróis, vol II. Lisboa: Editorial
Estampa, 1972.p318/9.

Nenhum comentário:

Postar um comentário