Max nasceu pobre.
Na verdade,
nasceu Maximiliano
da Silva Nobre.
Curtido na pedra
criou-se vidraça,
e como o pai
também era pintor,
mas nada de Picasso,
Van Gogh ou Portinari:
pintava parede, mansão,
muro e pé de árvore.
Não tinha sonhos,
mas se sonhasse,
seriam pretos
seriam brancos
cinzas de fato.
Morava em bairro comunista:
os vizinhos tinham em comum
a mesma miséria.
As mãos grossas
nunca fizeram carinho...
Pra ele? Frescura.
No enterro,
depois que caiu do andaime,
pouca gente
pouco choro
nenhuma madame.
Lembranças?
Só a última pá de cal...
Jaz.
Sérgio Vaz (1964-)
Colecionador de Pedras. São Paulo:
Global, 2013, p 46-47.
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