É preciso amar o trabalho, dizem nossos
sábios: eh! Mas como? O que há de amável na civilização para os 9/10 dos seres
a quem ele só causa desgosto, sem nenhuma vantagem? Por isso, os ricos, que
dele só exercem a parte lucrativa e cômoda, a direção, geralmente lhe têm repugnância.
Como fazer o pobre amá-lo se não se sabe torná-lo amado pelo rico?
A vida é um suplício perpétuo para nossos
operários, obrigados a empregar doze horas consecutivas, muitas vezes quinze,
num trabalho fastidioso. Os próprios ministros não estão isentos: há os que se
queixam de ter passado uma jornada inteira na abominável tarefa de colocar sua
assinatura em milhares de documentos contáveis.
[...]no estado atual, assegurar ao pobre
direitos à soberania quando ele só pede o direito de trabalhar para o prazer
dos ociosos não é insultá-lo?
Passamos séculos a discutir sobre os direitos
do homem, sem sonhar em reconhecer o mais essencial, o do trabalho, sem o qual
os outros nada são.
Fourier,
Charles (1772-1837)
Théorie de l’unité universelle, 2 ed. Paris:
1838.
(tradução minha)
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