Deixar o Livro Segundo de O Capital pronto para ser impresso, e isso de modo tal que fosse, por um lado, obra coerente e o mais possível acabada, mas também, por outro lado, obra exclusiva do Autor e não do editor, não foi trabalho fácil. O grande número de elaborações existentes, na maioria fragmentárias, dificultou a tarefa. No máximo uma única (Manuscrito IV) estava, até onde se estendia, inteiramente redigida para ser impressa; em compensação, no entanto, a maior parte era obsoleta, devido a redações posteriores. A massa principal do material, embora completado no que tange ao conteúdo, não o estava quanto à forma; estava redigida na linguagem em que Marx costumava fazer seus resumos; estilo descuidado, expressões coloquiais, em geral de rude humor, termos técnicos ingleses e franceses, frequentemente frases inteiras e até mesmo páginas, em inglês; é o registro gráfico dos pensamentos na forma em que se desenvolviam na cabeça do Autor. Ao lado de certas partes isoladas, expostas pormenorizadamente, outras, igualmente importantes, apenas esboçadas; o material de fatos ilustrativos coletado estava, quando muito, agrupado, mas longe de ser elaborado; ao final dos capítulos, no afã de chegar ao seguinte, frequentemente apenas um par de frases soltas como marcos da exposição, deixada aí incompleta; por fim, a letra, reconhecidamente ilegível às vezes até para o próprio Autor.
Friedrich
Engels (1820-1895)
Prefácio ao Livro Segundo
O Processo de Circulação d’O Capital, de Karl Marx. O Capital, Crítica da
Economia Política, volume II. Tradução de Regis Barbosa e Flávio R. Kothe. São Paulo:
Abril Cultural, 1983.
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