Aplicava-se na forma máxima os métodos de
aceleração e de adição. Extraía-se de cada indivíduo o máximo que ele podia
fornecer, e cada um devia fornecer até a última grama de energia que pudesse
haver em sua carcaça. Henry Ford, naturalmente, afirmava o contrário: escrevia com
tanta inocência, com tanta convicção sobre a necessidade de investigações científicas
para se obterem dados precisos sobre o potencial de trabalho que um operário
pode fornecer sem cansaço, que não se podia acreditar que ele os fizesse
trabalhar além desse ponto. Era falso, era mentira! Os operários de Henry
tinham vontade de gritar quando liam esses artigos. Ainda estavam cansados
quando começavam a trabalhar de manhã, e à tarde, quando deixavam o trabalho,
estavam exaustos de fadiga; eram bagaços vivos donde se tinha espremido as últimas
gotas de suco.
Isso não era só na fábrica Ford, em toda a bárbara
indústria moderna era a mesma coisa. Mais ligeiro, sempre mais ligeiro, até que
em seus corações os homens gritassem de desespero. Todas as fábricas de automóveis
viviam entre si numa concorrência permanente e mortal, e, em cada fábrica, eram
os diversos serviços que lutavam entre si e contra si, contra a produção
anterior, contra as novas “normas” estabelecidas pelos engenheiros que
estudavam os métodos, inventavam as novas máquinas e elaboravam novas técnicas.
Sinclair, Upton (1878-1968)
Ford, o rei dos automóveis baratos.
Tradução de Casemiro M. Fernandes. Porto Alegre: Edição da Livraria do Globo,
1940. p 122
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