domingo, 30 de junho de 2019

A solidão do cientista

Embora altamente satisfatória, uma carreira científica está longe de ser fácil. Experimentei muitos momentos de intenso prazer ao longo desse percurso e meu dia a dia é maravilhosamente revigorante do ponto de vista intelectual. Mas a diversão da atividade científica é explorar domínios do conhecimento que são relativamente inexplorados. Como todo aquele que se aventura no desconhecido, senti-me algumas vezes sozinho, inseguro e sem uma trilha aberta para percorrer. A cada vez que embarcava numa nova direção, pessoas bem-intencionadas, tanto do meu círculo social como colegas da comunidade científica, me aconselhavam a não fazê-lo. Tive que aprender desde o início a me sentir confortável numa situação insegura e a confiar no meu próprio julgamento.
[...] A decisão mais difícil que tive que tomar em relação à minha carreira foi abandonar a segurança potencial de uma prática em psiquiatria pela incerteza da pesquisa.


Kandel, Eric (1929 -)

Em busca da memória: o nascimento de uma nova ciência da mente. Tradução de Rejane Rubino. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p 449-50.






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