Tu trabalhador desta multiempresa.
Tu de gravata e paletó.
Tu de macacão.
Tu que mal sentes
o sol em teu corpo.
Tu que trabalhas em
grandes salas subterrâneas
e não vê a luz do dia.
Tu que mal sentes
o cheiro do bife e
do macarrão acebolados.
Tu que vives entre birutas,
máscaras, e extintores.
Tu que te chocas
quando ofendem o teu Senhor.
Tu que trabalhas entre mesas,
máquinas de calcular, clipes,
lápis, canetas, parafusos,
computadores, soldadoras,
prensadoras, pregos, empilhadeiras,
ventiladores, embaladoras.
Não permitas que os gritos
de teu chefe sejam mais altos
que aqueles, desgraçadamente,
emitidos por ti contra tua
companheira, tua amante,
teus filhos, e teus cachorros.
Luta pela valorização
de teu trabalho.
Luta pelo respeito.
Reivindica a recompensa
digna de tua mão de obra.
Não permitas que tua família
se destrua depois de tua morte.
Tu que engoles poeira,
ácidos, gases tóxicos.
Tu que tens
teu corpo exposto
às máquinas trituradoras,
às explosões,
Para e pensa.
Celso de Alencar (1949-)
Opiniães – Revista dos Alunos de Literatura Brasileira. São Paulo, ano 12, n. 22, jan.-jun. 2023.
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