Braços caídos
Não mais as mãos nervosas das tecelãs
tocando os
teares,
pondo emendas no fio
Não mais o matraquear dos teares
batendo
num barulho monótono, ensurdecedor
Apenas braços caídos,
As operárias pensando nos filhos
com fome
Depois vieram os soldados,
fuzis embalados
Defender a propriedade dos donos da
fábrica
Mas também tinham filhos,
Mães, noivas, irmãs
A fome era a mesma nos seus lares
também
E as tecelãs os saudaram chamando-os de
irmãos
Agora na fábrica há braços erguidos
Aclamando
E há mãos se apertando.
Carlos Marighella (1911-1969)
Poemas: rondó da liberdade. São Paulo:
Editora Brasiliense, 1994.
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